CARTAZ DO SHOW DE 1981
A noite de 30 de abril de 1981 tinha tudo para ser maravilhosa, num show em que estavam presentes, aproximadamente, 20 mil pessoas para ver e ouvir a fina flor da música popular brasileira e comemorar mais um 1º de maio, Dia do Trabalhador terminou virando um noite de horror. Lembro-me das notícias no rádio, do medo que senti. Nessa época estavamos vivendo o período de transição, mesmo que lentamente, da ditadura militar para a democracia. Vislubravamos dias melhores e esse triste episódio poderia frustrar tal expectativa.
São lembranças como esta que me fazem valorizar a liberdade e repudiar totalmente qualquer tipo de ditadura, de autoritarismo.
E para comemorar o Dia do Trabalhador, recorro ao genial Gonzaguinha:
"UM HOMEM SE HUMILHA
SE CASTRAM SEU SONHO
SEU SONHO É SUA VIDA
E VIDA É TRABALHO...
E SEM O SEU TRABALHO
O HOMEM NÃO TEM HONRA
E SEM A SUA HONRA
SE MORRE, SE MATA..."
TRECHO DA MÚSICA "UM HOMEM TAMBÉM CHORA (GUERREIRO MENINO) - LUIZ GONZAGA JR.
PARA SABER UM POUCO MAIS:
O chamado atentado do Riocentro foi um frustrado ataque à bomba que seria perpetrado no Pavilhão Riocentro na noite de 30 de abril de 1981, por volta das 21 horas, quando ali se realizava um show comemorativo do Dia do Trabalhador.
As bombas seriam plantadas pelo sargento Guilherme Pereira do Rosário e pelo então capitão Wilson Dias Machado, hoje coronel, atuando como educador no Colégio Militar de Brasília. Por volta das 21h00min, com o evento já em andamento, uma das bombas explodiu dentro do carro onde estavam os dois militares, no estacionamento do Riocentro. O artefato, que seria instalado no edifício, explodiu antes da hora, matando o sargento e ferindo gravemente o capitão Machado.
Na ocasião o governo culpou radicais da esquerda pelo atentado. Essa hipótese já não tinha sustentação na época e atualmente já se comprovou, inclusive por confissão, que o atentado no Riocentro foi uma tentativa de setores mais radicais do governo (principalmente do CIE e o SNI) de convencer os setores mais moderados do governo de que era necessária uma nova onda de repressão de modo a paralisar a lenta abertura política que estava em andamento.
Uma segunda explosão ocorreu a alguns quilômetros de distância, na miniestação elétrica responsável pelo fornecimento de energia do Riocentro. A bomba foi jogada por cima do muro da miniestação, mas explodiu em seu pátio e a eletricidade do pavilhão não chegou a ser interrompida.
Esse episódio é um dos que marcam a decadência do regime militar no Brasil, que daria lugar dali a quatro anos ao restabelecimento da democracia.
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