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quarta-feira, 25 de maio de 2011

FUNDO DO BAÚ - SÉRGIO SAMPAIO


Em 15 de maio de 1994 nos deixava o cantor e compositor Sérgio Sampaio. Irreverente, Sérgio transitava por vários estilos musicais, como samba, choro, balada, blues, rock e por aí vai. Ficou conhecido pelo mega sucesso da canção “Eu quero é botar meu bloco na rua”, que participou do VII FIC (Festival Internacional da Canção) de 1972. E que tocou à exaustão nas rádios à época.

Sampaio, como muitos podem pensar não foi cantor e compositor de uma música, pelo contrário, o cara compôs lindas canções, como: “Leros, leros, boleros”, “Filme de terror”, “Viajei de trem”, “Meu pobre blues”, “Velho bandido”, isso para ficar em algumas músicas. O barato mesmo é conhecer toda obra desse grande compositor, que como sempre acontece com as figuras especiais, são pouco reconhecidas e nada valorizadas, uma pena.

Voltando a sua história musical, destacamos que Sérgio, quando chegou ao Rio, no início dos anos 70 da década passada, conheceu nada menos que Raul Seixas, então produtor musical da gravadora CBS, que lhe deu grande força. Raul e Sérgio tornaram-se grandes amigos e parceiros musicais.

Sérgio Sampaio foi um dos grandes compositores da nossa música popular brasileira e deixou um legado musical bastante extenso, que vale à pena conhecer.

Grande figura, o “maldito” Sérgio Sampaio era genial e como todo gênio foi incompreendido por seus contemporâneos.

OUÇA ALGUMAS MÚSICAS DE SÉRGIO SAMPAIO





BIOGRAFIA

1947 Sérgio Moraes Sampaio nasce a 13 de abril, em Cachoeiro de Itapemirim, filho de Raul Gonçalves Sampaio,  fabricante de tamancos e maestro de banda e Maria de Lourdes Moraes,  professora primária.   
1956 Começa a ajudar o pai na tamancaria.  Na escola é aluno aplicado, eventualmente o melhor da classe: Dona Maria de Lourdes o colocava para estudar em casa todos os dias.   
1963 Fica vidrado no samba "Cala a boca, Zebedeu", de autoria de Seu Raul, inspirado numa vizinha da Rua Moreira que espinafrava o marido diariamente. O apelido do sujeito era "Fulica".     
1964 Ingressa como locutor na  XYL-9, Rádio Cachoeiro.  Torna-se um fã do samba-canção de Orlando Silva, Nélson Gonçalves e Sílvio Caldas.
1965 Passa três meses de experiência como locutor da Rádio Relógio Federal, no Rio de Janeiro.  Retorna a Cachoeiro para servir no "Tiro de Guerra" local. É detido freqüentemente por trocar os pernoites por incursões aos bares e bordéis cachoeirenses.   
1967 Mudança definitiva para o Rio de Janeiro, para tentar a vida como locutor ou cantor-compositor.   
1969 Passagens pelas rádios Rio de Janeiro, Mauá e Carioca. Ingressa na rádio Continental, onde conhece Erivaldo Santos, parceiro no primeiro samba feito no Rio, "Chorinho inconseqüente", mais tarde incluído no LP "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez".   
1970 Novembro: acompanha ao violão o compositor Odibar, parceiro de Paulo Diniz em "Quero voltar para a Bahia", num teste na gravadora CBS com o então produtor Raulzito.  As músicas de Odibar não agradam e Sérgio canta composições suas como "Coco verde" e "Chorinho inconseqüente".  Na saída, Raul Seixas lhe diz ao pé do ouvido: "Volte amanhã".    
1971 Janeiro: assinatura do contrato com a CBS.  Sérgio e Raul se tornam amigos. Com Raulzito, Sérgio conhece o rock e o pop internacional em geral.
Abril: "Sol 40 graus", com o Trio Ternura, é a primeira letra de Sérgio Sampaio a ganhar as rádios.  Ele assina a música como "Sérgio Augusto" e seu parceiro Ian Guest, como "Átila".
Junho: compacto "Coco verde/"Ana Juan", direção artística de Raul Seixas e arranjos de Ian Guest. O disco toca muito, devido à ajuda de amigos disk-jockeys de Sérgio, mas vende pouco.
Setembro: LP "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez", com Raul Seixas, Míriam Batucada e Edy Star, que causa na época o maior fordunço na gravadora CBS.  Também pudera: o disco era uma verdadeira sessão de escracho musical, uma coleção de pastiches de rock, samba e ritmos nordestinos, com letras sarcásticas, entremeadas por piadas e sátiras ao cotidiano em forma de vinhetas malucas.
Outubro: Sérgio participa do VI FIC com "No ano 83", de sua autoria. A seu lado, nos vocais, Jane Vaquer, futuramente conhecida como Jane Duboc.   
1972 Março: conhece o guitarrista Renato Piau nos corredores da CBS.
Abril: compacto "Classificados nº 1"/ "Não adianta". Direção artística de Raul Seixas.
Setembro: Pelas mãos de Raul Seixas, que já estava na gravadora, Sérgio ingressa na Phillips, dirigida por André Midani, para trabalhar com o produtor Roberto Menescal. Gravação de "Eu quero é botar meu bloco na rua", inscrita no VII FIC, com presença de Piau no violão, Ivan Machado no baixo, os "Cream Crackers" na percussão, Raul Seixas e membros dos Golden Boys no coro.
Outubro: estouro no FIC com o "Bloco", que invade as rádios de todo o Brasil. Em poucos meses, vendas de mais de 300 mil compactos.
Dezembro: Sérgio contrai tuberculose, mas ainda assim começa as gravações de um LP para a Phillips, com produção de Raul Seixas, e na banda de apoio Renato Piau, o tecladista José Roberto Bertrami, o baixista Alexandre Malheiros e Ivan "Mamão" Conti na bateria.  Também participam os "Cream Crackers" e o baterista Wilson das Neves.     
1973 Março: sai o LP "Eu quero é botar meu bloco na rua". Mesmo contendo a música de grande sucesso, torna-se um fracasso comercial e de crítica. No entanto, permanece até hoje como o disco preferido da maioria dos sampaiófilos.  Apesar da boa execução nas rádios de músicas como "Viajei de trem", uma toada-rock de alta lisergia, a valsa pop "Leros e leros e boleros" e os sambas "Odete" e "Cala a boca, Zebedeu", a vendagem não ultrapassa as 5 mil cópias.
Maio: apresentação na série de shows  "Phono 73", em São Paulo.
Outubro: Sérgio recebe o "Troféu Imprensa", o  "Oscar brasileiro", do programa "Sílvio Santos", na TV Globo, como "Revelação de 72".
1974 Janeiro: compacto "Meu pobre Blues"/ "Foi ela".  A primeira, uma lírica e dúbia elegia ao seu ídolo de juventude, Roberto Carlos. A segunda, um samba com feeling de rock, cadenciado e envolvente.
Abril: casa-se com Maria Verônica Martins (Ponka), numa cerimônia hippie em Cachoeiro.  Aplica um beijo na testa do Juiz de Paz no final.
Junho: rescinde o contrato com a Phillips e retira-se por algum tempo em Mimoso, cidade próxima a Cachoeiro, onde compõe o samba "Velho bandido".   
1975 Janeiro: retorna ao Rio e ingressa na gravadora Continental.
Junho: compacto "Velho bandido"/"O teto da minha casa", com produção de Roberto M. Moura e arranjos do violonista João de Aquino.
Novembro: sua  marchinha  "Cantor de rádio" é incluída no LP "Convocação Geral nº 2", da Som Livre.   
1976 Janeiro: show "O pulo do gato", da SOMBRÁS, no Teatro Casa Grande, com Jards Macalé e Dona Ivone Lara. Entre maio e junho, gravações e lançamento do LP "Tem que acontecer", muito elogiado pela crítica mas pouco executado nas rádios.    
1977 Março: compacto  "Ninguém vive por mim / História de boêmio(Um abraço em Nélson Gonçalves).
Junho: cancelamento de um novo LP para a Continental seguido da rescisão do contrato.
Agosto: show no Teatro Tonelero, organizado por universitários, com Fágner, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e Lô Borges.    
1978 Junho: internação no Hospital Miguel Couto do Rio com uma crise de pancreatite.
Novembro: lota por uma semana o Teatro Opinião, do Rio, com o show "Agora".   
1979 Julho: temporada de 15 dias na Sala Funarte/Sidney Miller, no Rio, ao lado do compositor Carlos Pinto.   
1982 LP independente "Sinceramente".  Um trabalho denso e confessional, enfocando ao mesmo tempo as diversas facetas pessoais e artisticas de Sampaio. Lançado em meio à explosão de ursinhos blau-blaus, batatas-fritas e folias na praia da "niuêive" carioca, o disco passa despercebido.
1983 Fevereiro: nasce João Sampaio, da união com Angela.  O compositor Xangai (Eugênio Avelino) é o padrinho.   
1986/87 Mesmo os mais atentos fãs acham que Sampaio abandonou a carreira.  Raramente se ouve falar nele. Seus discos viram peças de colecionador, disputados a tapa nos sebos de todo o páis. Letras como as de "Meu pobre Blues" ou "Ninguém vive por mim", músicas lançadas apenas em compacto, são cultuadas e reconstituídas verso a verso pelos "sampaiófilos" de carteirinha. Os 80 são realmente um habitat muito ingrato para Sampaio: nenhuma música no rádio, magros direitos autorais e escassos shows, quase sempre em bares e sem nenhuma cobertura da mídia.  Na vida pessoal, o alcoolismo minando dia a dia suas forças.  Ainda assim, o artista continua compondo regularmente e cada vez melhor suas novas músicas, que apresenta nos shows lado a lado com seus cavalos de batalha.   
1988 Outubro: temporada de 10 dias na Sala Funarte, do Rio, com Jards Macalé.   
1990 Novembro: shows no Segredo de Itapuã, Bahia, ao lado de Xangai. Sérgio começa a namorar a produtora de shows Regina Pedreira e resolve mudar-se para a Bahia.   
1991/92 Os ares baianos fazem muito bem a Sampaio, que vivencia uma espécie de renascimento artístico e pessoal. Novas composições e diversos shows em bares da periferia de Salvador e em outros estados nordestinos.
Outubro/92: participação no show "Baú do Raul", na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, na Bahia, cantando músicas do LP "Sociedade Kavernista...".   
1993 Fevereiro: no aniversário do filho João, Sérgio anuncia que deixou a bebida. Ao longo do ano, shows em Brasília, Goiânia, Vitória e Rio de Janeiro.    
1994 Janeiro: Convite do selo paulista Baratos Afins para gravação de um CD de inéditas.  Abril: aniversário no Rio com presença de amigos como Sérgio Natureza, Chico Caruso e Luiz Melodia.   Maio: internação no CTI do Hospital IV Centenário com crise aguda de pancreatite. Sérgio falece às 5 da manhã do dia 15 de maio.


VÍDEOS:







DISCOGRAFIA:




1971 – SOCIEDADE DA GRÃ-ORDEM KAVERNISTA APRESENTA SESSÃO DAS DEZ - CBS
RAUL SEIXAS, SÉRGIO SAMPAIO, EDY STAR E MÍRIAM BATUCADA







1973 - EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA
Produzido por Raulzito (Raul Seixas) que também participa dos backing vocais, participam ainda, a banda Azymuth e o guitarrista /violonista Renato Piau.




1976 - TEM QUE ACONTECER



 1983 - SINCERAMENTE






 
1994 - DISCO INÉDITO (OU CRU)
1. Em nome de Deus
2. Roda morta ou reflexões de um executivo
3. Polícia, bandido, cachorro e dentista
4. Brasília
5. Quero encontrar um amor
6. Magia pura
7. Muito além do jardim
8. Destino trabalhador
9. Pavio do destino
10. Uma quase mulher
11. Rosa púrpura de Cubatão
12. Chuva fina
13 Menino João (bônus track ao vivo)
Essas músicas foram lançadas posteriormente no disco póstumo intitulado, Cruel.


 


 
1998 – BALAIO DO SAMPAIO
Tributo organizado e produzido por Sérgio Natureza, parceiro de Sérgio.


2006 - CRUEL
Disco póstumo produzido pelo cantor Zeca Baleiro.










Compactos:
1971 - (Côco verde)
1. Côco verde
2. Ana Juan
1972 - (Classificados nº 1)

1. Classificados nº 1
2. Não adianta
1974 -  (Meu pobre blues)

1. Meu pobre blues
2. Foi ela
1975 - (Velho bandido)
1. Velho bandido
2. O teto da minha casa
1975 – (Convocação geral nº 2)
1.      Convocação geral nº 2
2.      Cantor de rádio
1977 - (Ninguém vive por mim)
1. Ninguém vive por mim
2. História de um boêmio (um abraço no Nelson Gonçalves)



FOTOS:

COM ERASMO CARLOS E AS FRENÉTICAS




COM EDY STAR, MÍRIAM BATUCADA E RAUL SEIXAS


2 comentários:

  1. Maravilhoso.

    Estou lendo a biografia de Sampaio e descobrindo coisas, criando coisas a partir de sua obra...

    Seguindo o blog.

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  2. Beleza, o cara realmente era um gênio.
    Fico contente que tenha gostado da postagem.
    Mantenha contato.
    Um abraço.

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